DÉBORA ÁLVARES
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados reservou a maior parte da sessão desta terça-feira (15) para discutir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O plenário foi palco de intenso bate-boca, com direito a gritos e vaias, e segundo a oposição, marcou o início do processo de impedimento da petista.
A confusão teve início com a apresentação, pela oposição, de um questionamento ao presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre o rito que ele irá adotar na análise dos pedidos de impeachment de Dilma Rousseff.
Após mais de três horas de discussão, uma das votações marcadas para esta noite (os destaques da proposta do ISS) acabou adiada para quarta (16).
A oposição preparou placas com o dizer “Xô CPMF” e chamou, em discursos, a presidente de “mentirosa”. Já os governistas improvisaram uma placa menor, com “Xô golpistas”, e acusaram os adversários de “golpe” com o pedido de afastamento de Dilma.
O clima começou a ficar acirrado enquanto o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), lia o documento entregue a Cunha. Os defensores de Dilma argumentaram que não havia embasamento regimental para a apresentação dos questionamentos. Já a oposição defendia sua questão de ordem. O presidente Eduardo Cunha não deu um prazo para responder, mas afirmou que não se furtará à questão.
Logo após Mendonça, o vice-líder do governo na Casa, Sílvio Costa (PSC-PE), acusou Cunha de “desrespeito à democracia” e de estar “fazendo o jogo dos golpistas”. “Se não estivesse comprometido com eles, não os deixariam nem ler”, afirmou na tribuna. Em seguida, desabafou: “Isso é golpe! Fico engasgado com isso que está acontecendo”.
MOVIMENTO
Para a oposição, a discussão desta noite marca o início do processo de afastamento da presidente Dilma. Os deputados afirmam que até quinta-feira (17) pretendem apresentar o pedido de impeachment feito pelo jurista Hélio Bicudo, que eles endossaram.
Um a um, os deputados tomam a tribuna da Casa, em defesa e em ataque à Dilma, intercalados.
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), fez um discurso acalorado em salvaguarda ao governo e às medidas anunciadas na segunda (14). Foi vaiado pela oposição. “Vejo o cartaz ‘Xô CPMF’. Foram você que criaram no passado. A gente precisa ter um pouco de caráter.”
Para o petista, “a oposição quer de qualquer jeito cassar o mandato de uma mulher limpa”. “Não cutuquem a onça com vara curta. Pensem duas vezes. Não é como ameaça, mas temos capacidade de mobilização.”
Durante seu discurso, houve uma discussão paralela entre parlamentares no meio do plenário. Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Orlando Silva (PcdoB-SP) trocaram ofensas e foram afastados pelos colegas.
Jandira Feghali (PcdoB-RJ) subiu à tribuna em seguida e foi uma das mais aplaudidas. Também em defesa de Dilma, a deputada disse que “guerra é guerra”. “Nossas armas estão na luta popular e saberemos fazê-la.