(Veja)
Nunca causou surpresa nem representa nenhuma novidade o ódio do Partido dos Trabalhadores, especialmente na figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à imprensa brasileira. Na quinta-feira, na abertura do congresso do PT, Lula fez questão mais uma vez de evidenciar seu desprezo pelas empresas de comunicação e desta vez foi além: comemorou as demissões de jornalistas ocorridas nos últimos meses.
Durante a abertura do evento, em Salvador (BA), o ex-presidente citou os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, a Rede Bandeirantes e a Editora Abril, que edita VEJA. “Proporcionalmente, o setor que mais desemprega hoje no Brasil é a imprensa”, disse ele, atribuindo as demissões à falta de interesse do público nas “mentiras” publicadas.
Nesta sexta-feira, ele repetiu as provocações ao pedir que os petistas façam doações financeiras ao partido. “Se nós não doarmos, quem vai doar? Os tucanos? Os jornalistas, que ganham pouco e estão perdendo o emprego?”, tripudiou.
Lula ainda insuflou a militância, que respondeu com gritos contra a Rede Globo e provocações aos jornalistas que acompanham o evento na Bahia.
Seria demais esperar que Lula compreenda as naturais transformações de um mercado competitivo e profundamente afetado pelas transformações tecnológicas dos últimos anos. Mas, como sindicalista e fundador do Partido dos Trabalhadores, o petista deveria ao menos disfarçar seu deleite com trabalhadores que ficaram sem emprego – como ocorre em qualquer categoria.
Há uma década enrolado nos maiores escândalos de corrupção da história brasileira, para Lula, quanto menos imprensa, melhor.