O governador Epitácio Cafeteira começava os primeiros passos para tomar uma estrada que o colocaria em rota de colisão com o senador Sarney, antes de se desligar do governo para disputar o Senado. Precisava de uma bancada forte e de um partido.
Isso em 1988.
Foi atrás de Siqueira Campos, então presidente nacional do PDC, que a convite do governante maranhense, veio para um festival de filiações de deputados federais, estaduais, secretários e aliados, no Palácio dos Leões. Isso numa ensolarada noite de quarta-feira.
Fui fazer a cobertura para o Jornal de Hoje. O Salão de Atos dos Leões lotados, como é costume em ocasiões como essa. Travo logo uma conversa com Francisco Camelo, economista, ex-presidente do extinto Sioge e que estava ocupando uma cadeira na Assembleia. Era primeiro suplente.
Conversa vai, conversa vem e Camelo é chamado para atender a um telefone no gabinete do Palácio. Volta para o meu lado com olhar transtornado, e diz que vai embora.
Pergunto-lhe sobre a perturbação e ele me responde pedindo segredo:
-Olha, Djalma, suplente não é dono do mandato. Se
assino essa filiação, amanhã mesmo o titular volta e eu retorno para o banco de
reservas. Quem telefonou foi do grupo Sarney, determinando que não me filie ao
PDC.
Ele sai, eu fico e o mestre de cerimônia, cinco
minutos depois começa a chamar pelo deputado Francisco Alves Camelo, que não poderia aparecer para a filiação. Guardei a história até hoje. Depois, soube que o interlocutor telefônico de Camelo tinha sido o deputado federal Sarney Filho.
Ele deixou a política e hoje é um dos líderes da igreja Carismática.
Dos mais de 30 deputados que foram para o PDC de Cafeteira na ocasião, quando aconteceu o rompimento, todos o abandonaram e retornaram para o sarneuisismo. História parecida com os ex-governadores Zé Reinaldo e Jackson Lago.